segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Legends : Neil Peart - Um adeus ao professor...


Pois é, meus amigos. Sexta-feira passada, mais precisamente dia 10 de janeiro,  veio a notícia que nenhum baterista que se preze gostaria de ouvir. Que três dias antes falecera um dos bateristas mais amados da história do instrumento...Neil Peart.

Recebi a notícia enquanto bebia com um casal de amigos. Meu outro querido amigo,  Jean, jornalista, prontamente me enviou uma mensagem no WhatsApp..."Neil Peart morreu cara...". Coloquei o celular no chão e a mão na cabeça. Meu amigo Apolo, que estava do meu lado, também é musico e mesmo não sendo fã de Rush, entendeu meu silencio, que durou alguns minutos. Sua namorada voltava do banheiro, viu minha feição e  logo perguntou se eu estava bem. Obviamente não estava. Nenhum baterista nesse planeta estava....





Meu primeiro contato com o Rush veio por influência de meu pai. Ele tinha na sua coleção de LPs os discos "A Farewell To Kings", "Caress Of Steel" , "Moving Pictures" e o de que mais tenho recordação, "Fly By Night". Não só pela coruja brava, mas pelo som. Eu, com poucos anos de vida,  chamava o Geddy Lee (baixo, vocal) de "bruxa". Pela foto da contracapa e é claro, por sua voz extremamente aguda. Eu já curtia o som deles, mas só fui virar fã mesmo no começo dos anos 2000, quando rolou a notícia de que o trio viria pra cá pela primeira vez. Justamente a época em que eu comecei a tocar bateria.


Minha influências na bateria desde o início foram John Bonham, Ian Paice,  Mick Tucker,  do Sweet , Bill Ward, Keith Moon, Peter Criss, Cozy Powell, etc. Minha escola era o rock pesado dos anos 70 e depois fui descobrindo outros bateras como Stewart Copeland, Jeff Porcaro, Tommy Aldridge, Tommy Lee, etc.

Os bateras da época eram todos fissurados em Mike Portnoy. Eu nunca gostei de Dream Theater. Achava o estilo de Portnoy muito técnico e com pouco feeling, e obviamente, esses bateras acabavam descobrindo Neil Peart através dele, pois era seu grande ídolo. Confesso que era mais fácil eu tocar junto com "Living Loving Maid" do Zeppelin II do que "La Villa Strangliato" do Hemispheres (risos).  As horas que eu gastaria tentando tocar uma música do Rush eu poderia aprender umas 6 de outras bandas, tamanha era a destreza de Peart. Claro que eu tava vacilando, né?




Quando a minha primeira banda, chamada Love Hunter começou a ensaiar, Fabio Adele, que era o vocalista, amava Rush como a própria mãe. Isso me inspirou a pegar os discos do meu pai e tentar aprender algumas levadas e viradas do mestre. Claro que sem a precisão dele, eu conseguia aos poucos "tirar" algumas coisas do Rush e me maravilhar com a técnica, força, criatividade e principalmente a paixão que Peart colocava em seus fraseados. Foi um triunfo conseguir tocar "YYZ" pela primeira vez...triunfo orgasmico....

Além do monstruoso baterista, Neil Peart foi um dos melhores letristas do Rock. Quebrando o paradigma de que "todo batera é burro e beberrão" e outras piadas sem graça que outros músicos faziam sobre a gente. O intelecto do cara era de um nível que nós, meros mortais, queríamos ter uns 15% e já morreríamos felizes. Até hoje gosto de ouvir os discos do Rush acompanhando as letras e tentando interpretar o que Neil queria dizer. Nem sempre consigo né, mas nem só de coisas complicadas eram feitas as coisas do Rush. Ele também sabia se expressar de forma simples e objetiva, como na pesadissima "Red Sector A", "Nobody's Hero", "Closer To The Heart" e diversas outras.





Infelizmente, não consegui ver um show do Rush, o que me deixa mais triste ainda. Não só queria curtir os clássicos imortais, mas também ver aquele que é simplesmente "O SOLO" de bateria. Desde sempre, eles foram um show a parte no espetáculo que eram as apresentações do trio. Sempre musical, criativo, com diversos temas encaixados de forma magistral e aquela pegada maravilhosa. Ninguém ousaria ir  fazer xixi ou buscar cerveja durante o solo dele. Ninguém. E isso diz muito, ah como diz...


Todos que conhecem a história do trio, sabem que Peart passou por algumas tragédias de cunho imensurável, perdendo a filha em um acidente automobilístico e a esposa para um câncer em um curto espaço de tempo. Ele pegou sua moto e rodou milhares de quilômetros tentando achar sentido para sua vida e acabou escrevendo dois livros maravilhosos. Também era notório o fato de que ele detestava a vida pública e os holofotes, como ele conta na faixa "Limelight". Ele só queria saber de tocar batera, de escrever suas letras e entregar o melhor possível para aqueles que pagavam para vê-lo ao vivo ou obter seus discos.

Tanto que foi mantido em segredo que ele lutava contra um câncer no cérebro. Ninguém imaginava. É uma doença literalmente desgraçada...

 Não tá sendo fácil escrever esse texto. Eu sei que existem por aí na net vários bem mais elaborados, com detalhes da vida e obra dele, mas eu preferi escrever sobre a minha experiência com essa banda maravilhosa e esse batera que é incomparável, insubstituível e que deixa um legado enorme, que inspirará gerações de jovens bateristas e músicos em geral, como foi meu caso e de milhares e milhares de pirralhos espalhados pelo mundo. O homem se foi, mas sua obra ao lado de Alex Lifeson e Geddy Lee, para a nossa sorte, continua e pra sempre...obrigado Neil Peart....obrigado professor....




Deixo aqui uma playlist do Spotify com algumas das minhas músicas favoritas do Rush :


Resenha: The Clash - Combat Rock (1982)


O Clash terminou sua tour do corajoso album triplo Sandinista! com uma sequência de shows no International Casino de Nova Iorque. As coisas tinham tomado outro rumo para a banda, formada pelo saudoso Joe Strummer (voz,guitarra), Mick Jones (guitarra,voz), Paul Simonon (baixo, voz) e Topper Headon (bateria).

Insatisfeitos com os rumos que a empresa de management Black Hill Enterprises buscava para a banda, Strummer e Simonon trouxeram de volta á bordo o antigo empresário Bernie Rhodes, que foi importante no desenvolvimento da banda na segunda metade dos anos 70, a desgosto de Mick Jones, que era totalmente contrario a idéia. As tensões entre Jones e o resto da banda e o abuso de drogas do batera Topper Headon (diz a lenda que ele gastava 100 libras por dia em droga e vivia debilitado), fez com que Combat Rock fosse o canto do cisne do Clash que conhecemos...


As gravações

                                  (Topper Headon gravando a bateria do disco) 

As gravações se iniciaram na metade de 1981 no Ear Studios em Londres, mas rapidamente a banda se mandou para o famoso Eletric Lady Studios em Nova Iorque em Novembro. O título até então do álbum seria "Rat Patrol From Fort Bragg". Strummer queria uma espécie de volta as raízes, com um disco mais direto, mas ouve muita discussão no âmbito musical, o que fez com que o disco se tornasse meio desconexo em termos de direção.

Em NY, a banda (com exceção de Jones que ficou na casa de sua namorada Ellen Fowley, que fez backing vocals em "Car Jamming") ficou no famoso hotel Iroqouis, onde James Dean morou por um tempo.

Em Janeiro de 1982, os meninos embarcaram em uma curta turnê, incluindo a Tailândia, onde foi tirada a foto que se tornaria capa do álbum. Quando voltaram em março para Londres pra ouvir o resultado das sessões de Nova Iorque, começaram alguns conflitos.


Jones tinha mixado a primeira versão do album, que seria duplo e chegando a marca de 77 minutos, com mais músicas e versões estendidas e mais dançantes. Ele queria uma versão maior, mas perdeu na votação para o resto da banda que chegou ao consenso de que o disco deveria ser simples com versões mais curtas e enxutas das canções. Pra isso, trouxeram o produtor Glynn Johns , sugerido por Bernie Rhodes, para remixar o disco em seu estúdio em Warnford, Hampshire na Inglaterra. Jones ficou putasso com isso e as fricções dentro da banda só aumentaram. Glynn Johns disse depois em entrevista, que Strummer chegava cedo de manhã para remixar o disco com ele, e Jones aparecia apenas de noite, pegava um bloco e caneta e fazia anotações do que Johns deveria mudar. O produtor mandou Mick Jones pra casa do cacete e que não mudaria porra nenhuma, e então o guitarrista não apareceu mais. Mesmo assim, ele acredita que Jones tenha gostado do resultado final do album.

Além do remix, Jones e Strummer regravaram alguns vocais, como os de "Should I Stay Or Should I Go?" e "Know Your Rights", para que aumentassem o impacto delas como singles. Existe flutuando por aí as mixes de Jones, com qualidade variada no Youtube e em bootlegs da vida. Realmente o disco seria bem diferente se fosse lançado daquela forma (alguns dizem que seria um disco melhor até).

Liricamente, as canções abordam bastante a guerra do Vietnã, e também alguns assuntos sociopolíticos da época. Nesse quesito, o Clash sempre se saiu como maestria.




O disco 

Combat Rock é o disco que menos gosto do Clash (excluindo o pavoroso "Cut The Crap", sem Jones e Headon), ele soa meio desconexo em certas partes, mesmo tendo algumas das minhas canções favoritas dentro da discografia deles. Eu comprei o álbum em cd quando adolescente e acabei trocando pelo Kiss Alive! em vinil com um amigo. Hoje eu gosto mais do álbum (maturidade que fala né), mas mesmo assim está longe de ser um London Calling.... 




Vamos a analise do disco: 

Know Your Rights - De maneira espantosa, a música que abre o disco também foi o primeiro single. Digo isso pois é mais uma espécie de "manifesto falado com guitarras" de Strummer. A letra é maravilhosa..."Assassinato é um crime, a não que ser que seja cometido por um policial ou aristocrata.." Musicalmente, é um stacatto meio Rockabilly. Se tornou um clássico entre os fãs da banda, mas confesso que gosto mais dela liricamente que musicalmente. 7.5/10

Car Jamming - Adoro o swing da batera nesse som, comprovando que Headon era um grande baterista, mesmo com droga na cabeça. É uma das minhas músicas favoritas da banda, com a guitarra meio Bo Diddley e Strummer maravilhoso como sempre. Que falta essa cara faz. 10/10

Should I Stay Or Should I Go? - Até seu cachorro conhece essa música. Talvez o maior hit do Clash, é um sucesso global. Pegajosa, eu sempre a utilizo nas minhas aulas de inglês por ser fácil de acompanhar. É genial a sacada das respostas em espanhol e a voz de Jones, mais britânica, impossível. Daquelas que saturam por serem  tocadas sempre, mas não deixa de ser um clássico. 10/10

Rock The Casbah - Grande parte da música foi composta pelo batera Topper Headon, que criou a base da música sozinho no estúdio tocando piano. Além claro, da batera e do piano, ele gravou o baixo. Se tornou um grande hit. Uma espécie de post-disco. Super dançante e com um refrão chiclete, esse  é um som bem difícil de rotular. Com certeza um marco do Pop anos 80. 10/10

Red Angel Dragnet -  Um reggae escrito e cantado (ou recitado) por Paul Simonon. É inspirada pelo assassinato de um membro da ONG Guardian Angels, que treinava voluntários para prevenir crimes. A música faz menção ao filme "Taxi Driver" de Scorcese. Musicalmente, acho bem fraquinha, bem cansativa. 5/10

Straight To Hell - A melhor do disco e um hino da banda. Fala sobre os filhos de soldados americanos concebidos na guerra do Vietnã e depois abandonados. É uma música com forte teor emocional tanto liricamente quanto musicalmente. A entrega de Strummer é simplesmente fora desse mundo, e o tema triste de violino junto com a batida marcante torna "Straight To Hell" uma obra de arte demonstrando toda a musicalidade da banda. "Oh papa san..." 10/10 de 10/10.

Overpowered By Funk -  Como o título já diz, aqui a banda flerta com um som funkeado, mais puxado pro disco, com cowbells por todo lado e liderada pelo baixo. Em 82, o Hip-Hop já estava começando, inclusive o Clash foi seminal em apresentar artistas como Grandmaster Flash para o seu público. Foi uma das primeiras bandas a se antenarem com o estilo. Sobre a música, ela é OK, gosto,  mas não chega a ser uma "This Is Radio Clash" ou "The Magnificent Seven".  6.5/10

Atom Tan - Ela já lembra o Clash mais das antigas, com duetos de Strummer e Jones. Com um andamento mais lento e curtinha, poderia facilmente entrar no Sandinista!. 7.5/10

Sean Flynn -  Com um início cheio de flautas e sax e um barulho de helicóptero de fundo, a música fala sobre o filho do ator Errol Flynn, que era fotojornalista e foi cobrir a guerra do Vietnã em 1970 e nunca mais voltou. É uma música interessante, mas soa mais como uma trilha-sonora de um filme de guerra do que uma paulada do Clash. O sax de Gary Barnacle é o destaque. 7.5/10

Ghetto Defendant - A batida de Headon e o baixo de Simonon é quase um dub. Allen Ginsberg, poeta beat, recita versos durante a música, enquanto algumas partes são cantadas por Strummer. É a terceira música seguida do álbum que é mais relaxada. Ela possui sons de gaita e no fim da música Ginsberg recita um mantra budista.  7/10

Inoculated City -  Mais uma no estilo Sandinista! com destaque para a voz de Jones. É uma boa música, melhor que as três ultimas e com groove de baixo/batera bem típico do Clash. 8.5/10

Death Is A Star - Faixa meio psicodélica, lembra um pouco a fase "viagem" dos Beatles. Só comprova como o lado B do disco é esquisito e desconexo, com diversos estilos sendo abordados e pouco "rock". Strummer recita alguns versos e tem hora que sua voz lembra o também saudoso John Lennon. Não é uma música ruim, longe disso, mas não empolga. 6.5/10




Recepção/Tour 

Combat Rock foi lançado em 14 de maio de 1982 e chegou ao segundo lugar das paradas britânicas e sétimo nas paradas da Billboard americana, batendo a venda de um milhão de cópias. Um fato impressionante se tratando de um disco tão irregular. O videoclipe de "Rock The Casbah" foi veiculado em exaustão na MTV da época.

                                          (Video Promo de Rock The Casbah)

A revista New Musical Express colocou o disco em entre os 5 melhores de 1982 e a popularidade do Clash só crescia, muito em decorrência dos singles que impulsionaram o álbum. Topper Headon, com seus problemas envolvendo drogas foi demitido da banda mesmo antes do lançamento do álbum e foi substituído pelo antigo baterista da banda, Terry Chimes.

O Punk Rock agora invadia estádios e o Clash foi convidado para abrir os shows da perna americana da tour de "despedida" do The Who, incluindo o famoso show no Shea Stadium, lançado postumamente e que gerou também o videoclipe de "Should I Stay Or Should I Go?"


                                           (Promo de Should I Stay Or Should I Go)

Mesmo com o sucesso do álbum e todo o glamour, a banda estava se deteriorando. Tensões internas culminaram na saída de Terry Chimes no início de 1983. Foi substituído por Pete Howard, que tocou no famoso show do US Festival (com direito a piadas do frontman do Van Halen, David Lee Roth, provocando o Clash na coletiva de imprensa e também no show que fechou o festival). O Clash também arrumou confusão com os organizadores, criticando o preço dos ingressos e ameaçando cancelar sua apresentação caso boa parte da renda do festival não fosse doado a alguma caridade.

                                         (Combat Rock em K7)

O show no US festival foi o último com Mick Jones e o fim de uma era para o Clash, infelizmente. A banda tentaria continuar por alguns anos, sem repetir sequer um terço do sucesso de outrora e Jones chegou a ter algum sucesso com seu Big Audio Dynamite (B.A.D.) que não tinha nada de punk. No fim dos anos 80, Joe Strummer chegou a tocar com o The Pogues.




Mesmo achando o disco bem abaixo de clássicos como London Calling, Give Em' Enough Rope e o disco homônimo de 1977, Combat Rock não é de todo mal. As músicas fortes conseguem dar relevância ao disco e liricamente, ele é impecável. É muito triste saber que esse foi o canto de cisne da "única banda que importa". E cara, como Joe Strummer faz falta no mundo de hoje. Um dos meus maiores ídolos e um cara seminal para sua época. Que ele esteja em um lugar muito melhor que esse que vivemos hoje...



                                                  NOTA FINAL : 7.0/10 





                                        (Train in Vain no US Festival. Mick Jones errando letra e claramente querendo estar em outro lugar...uma pena... )




                                 (coletiva de imprensa no US Festival) 








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domingo, 12 de janeiro de 2020

Resenha: Demolition 23 - Demolition 23 (1994)



Depois do fracasso do projeto com Steve Stevens (Billy Idol) chamado Jerusalem Slim,  Michael Monroe, vocalista do Hanoi Rocks, começou a fazer shows por Nova Iorque com convidados, dentre eles Joey Ramone, tocando covers de Dead Boys, Ramones, Johnny Thunders, etc. Quem comparecia muito nesses shows era Little Steven, lendário guitarrista da banda de Bruce Springsteen. Amigo de Michael, Steven se ofereceu a produzir e co-escrever um álbum com ele, o qual se tornaria o excelente projeto Demolition 23.





Produção do disco 

Mike recrutou seu fiel baixista e parceiro de Hanoi Rocks Sami Yaffa (que tinha tocado alguns anos atrás com o Jetboy e depois New York Dolls e Hellacopters), o guitarrista  Jay Henning (Star Star) e o baterista Jimmy Clark, músico de estúdio, e se mandaram pro mítico estúdio Power Station em Nova Iorque.

Little Steven, além de produzir o álbum, também co-escreveu praticamente todas as músicas com Monroe e Jude Wilder da Blue Midnight. A idéia do disco  era resgatar a veia punk do início do Hanoi Rocks com uma produção condizente com os anos 90. O disco é recheado de covers de clássicos do Punk Rock  e as versões ficaram excelentes.

A produção é suja e ao mesmo tempo acessível, com belos timbres. O disco todo foi gravado em cinco dias segundo Monroe, e mixado em algumas poucas semanas. Seria muito bom se isso fosse uma tendência em 1994, que tinha produções com menos punch, vide o disco  Dookie do Green Day.


Promo de 1994 




O álbum 

Demolition 23 é definitivamente o precursor do que Monroe faria anos mais tarde em sua carreira solo. Rock N' Roll com pé fincado no Punk de NY e Londres, com muita pegada e atitude de sobra.

Á frente de seu tempo, já faziam o que anos depois bandas como Danko Jones e Backyard Babies se aventurariam na cena. Os covers aqui são de Johnny Thunders  e seus Heartbreakers, Dead Boys e U.K. Subs (Andy McCoy, parceiro de Mike e Sami no Hanoi Rocks, tocou com eles por um tempo em 1988).


Então vamos as músicas:

Nothin's Alright -  O disco já abre com um soco no estômago. Letra rebelde e um riff que nos remete a "Search And Destroy" dos Stooges, com a voz de Michael cheia de drive e um refrão "fist in the air". Até hoje ela é tocada nos shows de Monroe. 10/10.

Hammersmith Palais -  Seguindo a veia punk da faixa de abertura, o riff principal é praticamente o mesmo de "God Save The Queen" dos Sex Pistols. No caso das referencias que eu cito aqui, em nenhum momento  as músicas soam como plágio e sim, pequenas piscadelas. O refrão é maravilhoso falando sobre a mudança de estilo nas cidades como Nova Iorque, Londres, Japão e Berlim e a falta de rock nesses lugares. Outra sempre presente no setlist de Mike. 10/10

The Scum Lives On - Mais cadenciada e um pouco mais comercial, mas nada de baba aqui. Um tributo a Johnny Thunders e seu amigo Stiv Bators, que tinham falecido recentemente. "You can't get arrested on MTV" lamenta Mike. Realmente a escória vive...10/10.

Dysfunctional  -  Riff simples e batida meio fim dos anos 60. Belo solo de gaita de Mikey e sua voz aqui traz uma semelhança a Dave Johansen do New York Dolls. Aquele rock n' roll simples, sem erro. 9/10

Ain't Nothin' To Do -  Cover do Dead Boys. Mais uma homenagem a Stiv Bators. Monroe morou com ele durante um tempo nos anos 80. Versão bem feita que flui bem junto com as faixas autorais. 9/10.

I Wanna Be Loved - Mais um ótimo cover. Dessa vez de Johnny Thunders e seus Heartbreakers. Eu adoro a original, mas essa aqui ficou tão boa quanto. Bem pegada e o baixo de Yaffa realmente se destaca na hora do solo. L.A.M.F. é uma instituição do Punk, Mike e os caras fizeram bonito. 10/10

You Crucified Me - Com uma introdução de gaita a lá "Era uma vez no oeste", uma mid-tempo com violões, lembra um pouco o que o Iggy Pop fez no disco "Brick By Brick", com uma melodia meio Rolling Stones. Um som bem anos 90, cairia bem nas rádios da época se fosse bem divulgada como single. 9/10

Same Shit, Different Day - Voltando a veia punk do disco, essa parece com as bandas britânicas do fim dos anos 70 e começo dos anos 80. Poderia facil caber num disco do Stiff Little Fingers. É o tipo de som perfeito pra voz de Monroe. O refrão "gang" é sensacional. 9.5/10

Endangered Species -  Mais um cover. Dessa vez do UK Subs, originalmente lançada em 1982 no disco Universal. Assim como as outras duas, flui bem e não destoa das autorais. Tudo a ver com a proposta da banda e do álbum. 8.5/10

Deadtime Stories -  O disco encerra com uma balada. Não daquelas açucaradas, e sim uma acústica a lá "Wild Horses" dos Stones. Acústica e com letra profunda.  Monroe canta como uma voz mais grave que combina perfeitamente com a música. O solo de guitarra me lembra um pouco Mick Ronson, poucas notas mas que tocam o ouvinte. Encerra-se um disco sem nenhuma música meia boca. 8/10


                                                          Video Promo de Nothin's Alright


                                                        (Artigo sobre a banda da época)

Recepção/Tour 



O disco passou quase despercebido pela grande mídia, mesmo tendo Little Steven Van Zant na produção. Pouco se foi divulgado, tornando-se um lançamento underground. Mesmo assim, foram lançados videos promos para "Nothin's Alright" e "Hammersmith Palais" e também um Home Video com cenas de backstage e momentos da tour, tem completo no Youtube (deixarei o link aqui em baixo).

(Versão matadora de "Hammersmith Palais" ao vivo no Japão) 

Para a tour, Michael chamou o ex-Hanoi Rocks, Nasty Suicide pra completar o time na guitarra, após a saída de Henning (que viria a falecer depois) e a banda fez shows na Inglaterra (onde o Hanoi tinha certo prestígio), uma tour de sucesso no Japão e alguns shows na Finlândia, Suécia, e claro, Nova Iorque.

É incrível que tem muito material no Youtube como bootlegs com shows completos, entrevistas e participações em programas de TV e mesmo assim o disco está fora de catálogo. Michael Monroe disse em uma entrevista recente que depende de Little Steven para conseguir um relançamento apropriado pro álbum, já que os dois possuem os direitos do mesmo. Vamos torcer pra isso.


                                           (Peita vintage da banda; Queria muito uma dessas!)

A banda acabou em 1995 depois que Nasty Suicide saiu da banda para gravar seu disco solo (sob o nome Jan Stenfors) e Michael voltaria a sua carreira solo. Uma pena que a banda não foi pra frente, pois com certeza é um dos melhores discos dos anos 90, com uma pegada punk e um som visceral. Por não ser grunge ou alternativo, entrou no ostracismo. Não canso de recomendar pra quem gosta de rock n' roll soco nas ventas.

                                             NOTA FINAL : 9.0/10 




                                           (Home video completo que comentei. Sensacional!)


(MM na capa da revista japonesa BURRN!) 

Infelizmente, não tem o disco no Spotify, apenas algumas músicas na coletânea "The Best" do Monroe.

                                                              (The Scum Lives On)


                                                                ( I Wanna Be Loved)

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Resenha: Big Star - Radio City (1974)



Depois de lançarem o excelente disco de estréia em 1972 (#1 Record), o Big Star foi surpreendido por não ter conseguido alcançar sucesso algum de vendas, mesmo com um baita hype em cima da banda já há algum tempo e excelentes críticas. A banda era formada por Alex Chilton (guitarra, voz), Chris Bell (também guitarra e voz), Andy Hummel (baixo e voz) e o baterista Jody Stephens.

Depois do fracasso do álbum, Chris Bell deixou a banda após literalmente sair na mão com o baixista Andy Hummel e seu vício em drogas acabou piorando as situações. A banda chegou a encerrar as atividades, mas voltou como um trio (sem Bell), e então surgiria o segundo e icônico disco, "Radio City".



Gravação do Album 





Antes de sair, Chris Bell era parte integral do som da banda, fazendo harmonia com a voz de Chilton e também era muito ligado em produção, equipamentos de gravação e parafernálias tecnológicas. Coube a Chilton assumir as rédeas e tentar fazer o melhor disco naquelas circunstancias. Apesar da volta de Hummel e Stephens, três faixas que  entrariam no disco foram gravadas com o baixista Danny Jones e o batera Richard Rosebrough, além de Chilton. Apesar de uma produção bem definida e encorpada, algumas músicas destoam no disco com uma sonoridade quase de "demo", como o caso de "She's A Mover". Mesmo assim isso não implica na magnitude de "Radio City".






O Disco 

O resultado foi uma obra-prima do Power Pop, com melodias marcantes e açucaradas e também alguns momentos mais introspectivos, características do brilhantismo de Chilton como compositor e arranjador. Vamos as músicas:

O My Soul -  Com um riff inicial que me remete ao som das lendárias guitarras Rickenbackers usadas nos anos 60 por bandas da British Invasion, "O My Soul" abre bem o disco com seu groove cadenciado e gostoso. Chris Bell teve participação na criação dela, mas não foi creditado. Algo normal da época. 9.5/10

Life Is White - Essa poderia estar em um álbum do Badfinger ou de algum ex-Beatle. Bela melodia, bom uso de gaita em algumas partes e um groove a lá Ringo no fim dos Beatles e um delicioso solo de piano. Uma das melhores do álbum. 10/10

Way Out West - Escrita por Hummel, ela é bem cadenciada e com um refrão bonito com boas harmonias, como sempre. Destaque para a bateria de Stephens e o solo de guitarra. 9/10

What's Goin' On Ahn - Balada acústica com um tom introspectivo e novamente, belas harmonias. Muito melhor que váaarias baladas açucaradas  pavorosas que tomariam conta das rádios nos anos 80. 9.5/10

You Get What You Deserve - Típico Rock dos anos 70, com violões de fundo e licks de guitarra beirando o Country Rock. As estrofes são maravilhosas e o refrão é impactante, bem ao estilo Chilton. Com certeza os caras do Cheap Trick ouviram muito esse disco... 10/10

Mod Lang - Rockão que abre o lado B da bolacha, lembra algo que o Slade faria na mesma época. Direto e sem frescura. Escrita por Chilton e o batera Rosebrough. Rock do jeito que eu gosto. 10/10

Back Of A Car -  Uma das coisas que amo nessa música é o dedilhado das estrofes, com certeza impactou muita gente na década de 80 e principalmente nos anos 90, onde era mais comum as bandas admitirem a influência de Chilton & Cia. Composta pela banda toda, é uma delícia. Está entre as melhores músicas da carreira da estrelona e foi regravada pelos Gin Blossons (quem lembra?) . 10/10

Daisy Glaze - Mais um momento introspectivo. Lembra um pouco o primeiro disco. Uma música lenta e gostosa que acalma até o mais marrento dos ouvintes e enfim se transforma em um rock melódico e eletrificado. 9.0/10

She's A Mover - Claramente influenciada pelos beats dos anos 60, é uma música ótima, mas a produção destoa do resto do disco, com a bateria de um lado do speaker e o resto da banda em outro. Talvez a faixa que menos gosto aqui, mesmo sendo ótima, como eu disse. 7.5/10

September Gurls - A música mais famosa do disco, regravada pelas Bangles e também pelos Searchers (influencia do próprio Big Star). Pensa na música perfeita. Agora entenda que ela está longe de ser September Girls!. Brincadeiras á parte, talvez seja o "Power Pop" definitivo. A melodia simplesmente é de outro planeta. Quisera eu compor algo assim. 10/10.

Morpha Too - Mais curta que hardcore oitentista, a faixa beira 01:30. Um tema de piano e voz com belas harmonias. o Queen fazia muito disso em músicas como "Dear Friends". Soa como uma demo, mas é uma bela musiquinha. 8.0/10

I'm In Love With A Girl - Excelente música para fechar o disco. Acústica com a bela voz de Chilton, ela possui uma vibe gostosa, mesmo tendo menos de 02 minutos. Dá vontade de repetir e repetir. 10/10.



                                                                  (September Gurls)


Recepção


                                             (Versão do album em K7 lançado nos anos 80)


Hoje o disco é considerado um dos clássicos definitivos do Power Pop e do Rock em geral, mas assim como o genial "debut", o disco foi um fracasso de vendas. O problema foi que o selo Ardent era sub da gravadora Stax e a mesma tinha feito uma parceria para uma distribuição grande pela Columbia Records, mas o acordo azedou e prejudicou a distribuição de alguns discos, principalmente "Radio City". É mole?. Lançado em fevereiro de 1974, mesmo com boas críticas,  o album vendeu apenas 20 mil cópias.  Um número irrisório pra época e engavetando mais uma vez a escalada do Big Star para o sucesso. A banda ainda lançaria o disco "Third", mas aí é história pra outra resenha.

Mesmo assim, esse é um dos discos que se tornaram "cult" com o passar dos anos, assim como o "Raw Power" dos Stooges. As melodias doces e os arranjos simples,  mas objetivos colocam o Big Star no hall da fama das grandes bandas de todos os tempos. Ouça e comprove!

                                                       NOTA FINAL : 9.5/10 (um disco com September Gurls não pode ter nota inferior a isso :>)).





Ouça o disco completo no Spoyify! :)






Resenha: David Bowie - Diamond Dogs (1974)








O último disco da fase "Glam Rock" do camaleão, "Diamond Dogs" é um dos mais curiosos de sua carreira. Já preparando terreno para a fase "soul branco", é possível identificar já uma mudança sonora e estilística do homem que caiu na terra, mas ainda com um pé fincado no Glam que o tornou famoso. Já sem seu fiel escudeiro Mick Ronson, que saiu em carreira solo antes das gravações do disco (na verdade, a história é um pouco mais complexa que isso), Bowie conseguiu finalizar um período de glamour com um disco vibrante, inteligente e com diversas texturas que vão do rock básico á momentos mais introspectivos. 




As Gravações



Mick Ronson ajudou David a orquestrar algumas das músicas e participou de alguns ensaios antes da banda entrar em estúdio. Por incrível que pareça, ao invés de recrutar outro guitarrista solo (Mick era um gênio das seis cordas), Bowie decidiu tocar as guitarras ele mesmo!.
Então aqui ouve-se  um timbre mais sujo, minimalista e rudimentar, mas que consegue soar totalmente conectado com o que o disco propõe. Vale também ressaltar que  em "1984", quem tocou foi o guitarrista Alan Parker. Ansley Dunbar, lendário baterista, participa das gravações assim como o experiente baixista Herbie Flowers (T.Rex, Elton John),  e outros músicos de estúdio.

Uma experiência importante é que Bowie aqui se reunira com o lendário Tony Visconti, que ajudou a mixar o álbum e trabalhou em alguns arranjos de cordas, lembrando que Visconti  antes produziu os discos "David Bowie" de 1969 e o fantástico "The Man Who Sold The World" de 1970. Depois, trabalharia com o Starman pelo resto da década, inclusive no período importantíssimo de Berlim.

Durante as gravações o popstar já apresentava problemas de comportamento devido ao seu vício em cocaína, que começou a agravar na época. Por anos Bowie disse que essa época foi uma das mais doidas de toda sua carreira. A intenção dele era de lançar um disco conceitual chamado "1984", inspirado no clássico livro de George Orwell, mas não conseguiu os direitos, o que acabou obrigando Bowie a buscar outra proposta. Mesmo assim, o Lado B de Diamond Dogs é totalmente inspirado na obra.

Já o lado A, também segue uma linha conceitual concentrada na história de um personagem chamado "Halloween Jack", que vivia no topo de um arranha-céu em uma Manhattan pós-apocalíptica, ou melhor "Hunger City" (cidade da fome).


O Álbum 

Sem dúvida, "Diamond Dogs" ainda possui respingos evidentes do alter ego de Bowie, Ziggy Stardust, musicalmente e também estilisticamente, vide o visual dele na capa.  Capa curiosa que teve sua primeira prensagem censurada, pois o famoso "cachorro-bowie" deitado deixava a mostra seu "bingulim"( um absurdo pra época) e foi substituída por uma versão "clean".

Promo do álbum. 1974. 






Então vamos as músicas:

Future Legend/Diamond Dogs -  "Future Legend" é uma intro narrada por Bowie, que ao entrar em "Diamond Dogs" vem com a clássica frase..."This ain't Rock N' Roll...This is GenoCIIIDE...". Dá até arrepio. Pra mim umas das melhores músicas da carreira de Bowie. Rock N'Roll simples, nos moldes Glam, com uma pitada de Rolling Stones, uma batida sexy e a guitarra suja de Bowie, que dá o tom. Clássico. 10/10.

Sweet Thing/Candidate/Sweet Thing (reprise) -  Encaro essas três partes como uma suite. O início com "Sweet Thing" é uma balada melancólica com Bowie cantando com um timbre super grave, ouçam com atenção como os primeiros versos soam exatamente como Andrew Eldritch  em seu Sisters Of Mercy uma década depois. Mas de repente, David  brinca com tons mais altos e médios, uma performance genial que comprova o quão ele era um excelente cantor.

"Candidate" inicia com um solo de sax e uma fanfarra de caixa, Bowie soa como um  crooner e a música vai crescendo até tomar um ritmo glam típico dessa fase, repetindo o refrão com mais entusiasmo. Já a reprise de "Sweet Thing" tem também destaque para o Sax (tocado por Bowie, vale ressaltar) e mantém o clima baladístico que e evolui para um belo groove de baixo e batera que vai ficando mais rápido enquanto nosso herói tira um feedback da guitarra. Coisa linda. 10/10.

Rebel Rebel - Acho que até o fã mais casual de Bowie já ouviu essa música várias vezes. É um clássico e o maior hit do disco (Como single, "Diamond Dogs", a música, foi um fracasso), alcançando o 5ºlugar da parada britânica e o 16º da parada americana. Possui um riff memorável e uma batida glam segura de Ansley Dunbar. Foi a única música do disco que foi tocada em todas tours do camaleão. 9.5/10

Rock N' Roll With Me - Supostamente escrita para um provável musical sobre Ziggy Stardust, "Rock N' Roll With Me" poderia estar em qualquer um dos discos anteriores. Uma semi-balada guiada pelo piano, com um belo refrão e um  vocal mais estridente de Bowie. Gosto muito dela, apesar de bem previsível. Com um solo de Mick Ronson aqui, ganharia nota 10. 8.5/10

"We Are The Dead" - Aqui começamos a parte "1984" do disco. Uma beleza teatral bem dinâmica, é uma música pomposa, cuja letra vem de um trecho do livro de Orwell. Claramente é sobre os dois personagens principais da obra. Bela canção. 9.5/10

"1984" - Funky, bem funky, aqui declara-se o que  Bowie faria ano seguinte em "Young Americans", deixando o trash-glam de lado totalmente. O groove de batera do Tony Newman é um sacolejo sem precedentes. A letra é uma alusão ao interrogatório de Winston Smith no romance de mesmo nome. Saiu como single também. 10/10

Big Brother/Chant Of The Ever Circling Skeletal Family  -  Aqui o personagem acaba passando por uma lavagem cerebral e se rende ao Big Brother. Musicalmente, temos belos corais e uma condução acústica leve no início e um refrão quase Hard Rock. Já "Chant of..." Encerra o disco com um coro em falsete em um riff glam que se repete por diversas vezes até entrar em um repeat constante a primeira silaba de "Brother"..(Brr brrr brr) por mais de um minuto. Final épico. 10/10




                                                     
                   




















Recepção/Tour 






"Diamond Dogs" chegou ao topo das paradas britânicas e canadenses e quinto lugar nas paradas americanas. A revista Sounds considerou o disco "O trabalho mais impressionante de Bowie", e uma tour de proporção megalomaníaca viria a seguir. Bowie e seus empresários da Mainman, gastaram no que seria hoje o equivalente a 1 milhão de dólares no set de palco e toda sua estrutura e foram necessários mais de dois meses de ensaios. A tour iniciou-se no Canadá, com bastante trabalho de divulgação em TV e rádio.

O palco era basicamente uma cidade (a já mencionada "Hunger City") com uma ponte acima da platéia e outras peculiaridades. Muitos dos "props" utilizados no show acabaram falhando, e não ajudava também o fato de Bowie estar sob influência de cocaína e muita birita, como ele descreveria anos depois, "Não sabia o que eu tava fazendo no meio daquela bagunça". Praticamente o disco todo fez parte do repertório, com exceção de "We Are The Dead".

A última perna da turnê foi feita com um palco simples (pra loucura do empresário Tony Defries que investiu rios de dinheiro na estrutura anterior) e com músicas no repertório que fariam parte do disco "Young Americans.  A tour então foi rebatizada de "The Soul Tour", já mostrando qual era a praia que o Bowie iria seguir. Vale lembrar também que nessa tour iniciou-se a parceria com o guitarrista Earl Slick, então bem jovem, que tocaria muitas vezes com Bowie.


(Protótipo do palco da tour "Year Of The Diamond Dogs")



(Bowie & Earl Slick) 




(Big Brother)





(Comercial da época) 






Resumindo, "Diamond Dogs" é um disco importante para a transição do Bowie Glam para o Bowie Soul . Um belo adeus ao glitter  e as botas de  plataforma. Sinto que é um disco injustiçado, não acho tão abaixo assim de "Alladin Sane" ou "The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars".  Recomendo...

NOTA FINAL : 9.5/10 

















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