domingo, 12 de janeiro de 2020

Resenha: Demolition 23 - Demolition 23 (1994)



Depois do fracasso do projeto com Steve Stevens (Billy Idol) chamado Jerusalem Slim,  Michael Monroe, vocalista do Hanoi Rocks, começou a fazer shows por Nova Iorque com convidados, dentre eles Joey Ramone, tocando covers de Dead Boys, Ramones, Johnny Thunders, etc. Quem comparecia muito nesses shows era Little Steven, lendário guitarrista da banda de Bruce Springsteen. Amigo de Michael, Steven se ofereceu a produzir e co-escrever um álbum com ele, o qual se tornaria o excelente projeto Demolition 23.





Produção do disco 

Mike recrutou seu fiel baixista e parceiro de Hanoi Rocks Sami Yaffa (que tinha tocado alguns anos atrás com o Jetboy e depois New York Dolls e Hellacopters), o guitarrista  Jay Henning (Star Star) e o baterista Jimmy Clark, músico de estúdio, e se mandaram pro mítico estúdio Power Station em Nova Iorque.

Little Steven, além de produzir o álbum, também co-escreveu praticamente todas as músicas com Monroe e Jude Wilder da Blue Midnight. A idéia do disco  era resgatar a veia punk do início do Hanoi Rocks com uma produção condizente com os anos 90. O disco é recheado de covers de clássicos do Punk Rock  e as versões ficaram excelentes.

A produção é suja e ao mesmo tempo acessível, com belos timbres. O disco todo foi gravado em cinco dias segundo Monroe, e mixado em algumas poucas semanas. Seria muito bom se isso fosse uma tendência em 1994, que tinha produções com menos punch, vide o disco  Dookie do Green Day.


Promo de 1994 




O álbum 

Demolition 23 é definitivamente o precursor do que Monroe faria anos mais tarde em sua carreira solo. Rock N' Roll com pé fincado no Punk de NY e Londres, com muita pegada e atitude de sobra.

Á frente de seu tempo, já faziam o que anos depois bandas como Danko Jones e Backyard Babies se aventurariam na cena. Os covers aqui são de Johnny Thunders  e seus Heartbreakers, Dead Boys e U.K. Subs (Andy McCoy, parceiro de Mike e Sami no Hanoi Rocks, tocou com eles por um tempo em 1988).


Então vamos as músicas:

Nothin's Alright -  O disco já abre com um soco no estômago. Letra rebelde e um riff que nos remete a "Search And Destroy" dos Stooges, com a voz de Michael cheia de drive e um refrão "fist in the air". Até hoje ela é tocada nos shows de Monroe. 10/10.

Hammersmith Palais -  Seguindo a veia punk da faixa de abertura, o riff principal é praticamente o mesmo de "God Save The Queen" dos Sex Pistols. No caso das referencias que eu cito aqui, em nenhum momento  as músicas soam como plágio e sim, pequenas piscadelas. O refrão é maravilhoso falando sobre a mudança de estilo nas cidades como Nova Iorque, Londres, Japão e Berlim e a falta de rock nesses lugares. Outra sempre presente no setlist de Mike. 10/10

The Scum Lives On - Mais cadenciada e um pouco mais comercial, mas nada de baba aqui. Um tributo a Johnny Thunders e seu amigo Stiv Bators, que tinham falecido recentemente. "You can't get arrested on MTV" lamenta Mike. Realmente a escória vive...10/10.

Dysfunctional  -  Riff simples e batida meio fim dos anos 60. Belo solo de gaita de Mikey e sua voz aqui traz uma semelhança a Dave Johansen do New York Dolls. Aquele rock n' roll simples, sem erro. 9/10

Ain't Nothin' To Do -  Cover do Dead Boys. Mais uma homenagem a Stiv Bators. Monroe morou com ele durante um tempo nos anos 80. Versão bem feita que flui bem junto com as faixas autorais. 9/10.

I Wanna Be Loved - Mais um ótimo cover. Dessa vez de Johnny Thunders e seus Heartbreakers. Eu adoro a original, mas essa aqui ficou tão boa quanto. Bem pegada e o baixo de Yaffa realmente se destaca na hora do solo. L.A.M.F. é uma instituição do Punk, Mike e os caras fizeram bonito. 10/10

You Crucified Me - Com uma introdução de gaita a lá "Era uma vez no oeste", uma mid-tempo com violões, lembra um pouco o que o Iggy Pop fez no disco "Brick By Brick", com uma melodia meio Rolling Stones. Um som bem anos 90, cairia bem nas rádios da época se fosse bem divulgada como single. 9/10

Same Shit, Different Day - Voltando a veia punk do disco, essa parece com as bandas britânicas do fim dos anos 70 e começo dos anos 80. Poderia facil caber num disco do Stiff Little Fingers. É o tipo de som perfeito pra voz de Monroe. O refrão "gang" é sensacional. 9.5/10

Endangered Species -  Mais um cover. Dessa vez do UK Subs, originalmente lançada em 1982 no disco Universal. Assim como as outras duas, flui bem e não destoa das autorais. Tudo a ver com a proposta da banda e do álbum. 8.5/10

Deadtime Stories -  O disco encerra com uma balada. Não daquelas açucaradas, e sim uma acústica a lá "Wild Horses" dos Stones. Acústica e com letra profunda.  Monroe canta como uma voz mais grave que combina perfeitamente com a música. O solo de guitarra me lembra um pouco Mick Ronson, poucas notas mas que tocam o ouvinte. Encerra-se um disco sem nenhuma música meia boca. 8/10


                                                          Video Promo de Nothin's Alright


                                                        (Artigo sobre a banda da época)

Recepção/Tour 



O disco passou quase despercebido pela grande mídia, mesmo tendo Little Steven Van Zant na produção. Pouco se foi divulgado, tornando-se um lançamento underground. Mesmo assim, foram lançados videos promos para "Nothin's Alright" e "Hammersmith Palais" e também um Home Video com cenas de backstage e momentos da tour, tem completo no Youtube (deixarei o link aqui em baixo).

(Versão matadora de "Hammersmith Palais" ao vivo no Japão) 

Para a tour, Michael chamou o ex-Hanoi Rocks, Nasty Suicide pra completar o time na guitarra, após a saída de Henning (que viria a falecer depois) e a banda fez shows na Inglaterra (onde o Hanoi tinha certo prestígio), uma tour de sucesso no Japão e alguns shows na Finlândia, Suécia, e claro, Nova Iorque.

É incrível que tem muito material no Youtube como bootlegs com shows completos, entrevistas e participações em programas de TV e mesmo assim o disco está fora de catálogo. Michael Monroe disse em uma entrevista recente que depende de Little Steven para conseguir um relançamento apropriado pro álbum, já que os dois possuem os direitos do mesmo. Vamos torcer pra isso.


                                           (Peita vintage da banda; Queria muito uma dessas!)

A banda acabou em 1995 depois que Nasty Suicide saiu da banda para gravar seu disco solo (sob o nome Jan Stenfors) e Michael voltaria a sua carreira solo. Uma pena que a banda não foi pra frente, pois com certeza é um dos melhores discos dos anos 90, com uma pegada punk e um som visceral. Por não ser grunge ou alternativo, entrou no ostracismo. Não canso de recomendar pra quem gosta de rock n' roll soco nas ventas.

                                             NOTA FINAL : 9.0/10 




                                           (Home video completo que comentei. Sensacional!)


(MM na capa da revista japonesa BURRN!) 

Infelizmente, não tem o disco no Spotify, apenas algumas músicas na coletânea "The Best" do Monroe.

                                                              (The Scum Lives On)


                                                                ( I Wanna Be Loved)

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