quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Resenha: Big Star - Radio City (1974)



Depois de lançarem o excelente disco de estréia em 1972 (#1 Record), o Big Star foi surpreendido por não ter conseguido alcançar sucesso algum de vendas, mesmo com um baita hype em cima da banda já há algum tempo e excelentes críticas. A banda era formada por Alex Chilton (guitarra, voz), Chris Bell (também guitarra e voz), Andy Hummel (baixo e voz) e o baterista Jody Stephens.

Depois do fracasso do álbum, Chris Bell deixou a banda após literalmente sair na mão com o baixista Andy Hummel e seu vício em drogas acabou piorando as situações. A banda chegou a encerrar as atividades, mas voltou como um trio (sem Bell), e então surgiria o segundo e icônico disco, "Radio City".



Gravação do Album 





Antes de sair, Chris Bell era parte integral do som da banda, fazendo harmonia com a voz de Chilton e também era muito ligado em produção, equipamentos de gravação e parafernálias tecnológicas. Coube a Chilton assumir as rédeas e tentar fazer o melhor disco naquelas circunstancias. Apesar da volta de Hummel e Stephens, três faixas que  entrariam no disco foram gravadas com o baixista Danny Jones e o batera Richard Rosebrough, além de Chilton. Apesar de uma produção bem definida e encorpada, algumas músicas destoam no disco com uma sonoridade quase de "demo", como o caso de "She's A Mover". Mesmo assim isso não implica na magnitude de "Radio City".






O Disco 

O resultado foi uma obra-prima do Power Pop, com melodias marcantes e açucaradas e também alguns momentos mais introspectivos, características do brilhantismo de Chilton como compositor e arranjador. Vamos as músicas:

O My Soul -  Com um riff inicial que me remete ao som das lendárias guitarras Rickenbackers usadas nos anos 60 por bandas da British Invasion, "O My Soul" abre bem o disco com seu groove cadenciado e gostoso. Chris Bell teve participação na criação dela, mas não foi creditado. Algo normal da época. 9.5/10

Life Is White - Essa poderia estar em um álbum do Badfinger ou de algum ex-Beatle. Bela melodia, bom uso de gaita em algumas partes e um groove a lá Ringo no fim dos Beatles e um delicioso solo de piano. Uma das melhores do álbum. 10/10

Way Out West - Escrita por Hummel, ela é bem cadenciada e com um refrão bonito com boas harmonias, como sempre. Destaque para a bateria de Stephens e o solo de guitarra. 9/10

What's Goin' On Ahn - Balada acústica com um tom introspectivo e novamente, belas harmonias. Muito melhor que váaarias baladas açucaradas  pavorosas que tomariam conta das rádios nos anos 80. 9.5/10

You Get What You Deserve - Típico Rock dos anos 70, com violões de fundo e licks de guitarra beirando o Country Rock. As estrofes são maravilhosas e o refrão é impactante, bem ao estilo Chilton. Com certeza os caras do Cheap Trick ouviram muito esse disco... 10/10

Mod Lang - Rockão que abre o lado B da bolacha, lembra algo que o Slade faria na mesma época. Direto e sem frescura. Escrita por Chilton e o batera Rosebrough. Rock do jeito que eu gosto. 10/10

Back Of A Car -  Uma das coisas que amo nessa música é o dedilhado das estrofes, com certeza impactou muita gente na década de 80 e principalmente nos anos 90, onde era mais comum as bandas admitirem a influência de Chilton & Cia. Composta pela banda toda, é uma delícia. Está entre as melhores músicas da carreira da estrelona e foi regravada pelos Gin Blossons (quem lembra?) . 10/10

Daisy Glaze - Mais um momento introspectivo. Lembra um pouco o primeiro disco. Uma música lenta e gostosa que acalma até o mais marrento dos ouvintes e enfim se transforma em um rock melódico e eletrificado. 9.0/10

She's A Mover - Claramente influenciada pelos beats dos anos 60, é uma música ótima, mas a produção destoa do resto do disco, com a bateria de um lado do speaker e o resto da banda em outro. Talvez a faixa que menos gosto aqui, mesmo sendo ótima, como eu disse. 7.5/10

September Gurls - A música mais famosa do disco, regravada pelas Bangles e também pelos Searchers (influencia do próprio Big Star). Pensa na música perfeita. Agora entenda que ela está longe de ser September Girls!. Brincadeiras á parte, talvez seja o "Power Pop" definitivo. A melodia simplesmente é de outro planeta. Quisera eu compor algo assim. 10/10.

Morpha Too - Mais curta que hardcore oitentista, a faixa beira 01:30. Um tema de piano e voz com belas harmonias. o Queen fazia muito disso em músicas como "Dear Friends". Soa como uma demo, mas é uma bela musiquinha. 8.0/10

I'm In Love With A Girl - Excelente música para fechar o disco. Acústica com a bela voz de Chilton, ela possui uma vibe gostosa, mesmo tendo menos de 02 minutos. Dá vontade de repetir e repetir. 10/10.



                                                                  (September Gurls)


Recepção


                                             (Versão do album em K7 lançado nos anos 80)


Hoje o disco é considerado um dos clássicos definitivos do Power Pop e do Rock em geral, mas assim como o genial "debut", o disco foi um fracasso de vendas. O problema foi que o selo Ardent era sub da gravadora Stax e a mesma tinha feito uma parceria para uma distribuição grande pela Columbia Records, mas o acordo azedou e prejudicou a distribuição de alguns discos, principalmente "Radio City". É mole?. Lançado em fevereiro de 1974, mesmo com boas críticas,  o album vendeu apenas 20 mil cópias.  Um número irrisório pra época e engavetando mais uma vez a escalada do Big Star para o sucesso. A banda ainda lançaria o disco "Third", mas aí é história pra outra resenha.

Mesmo assim, esse é um dos discos que se tornaram "cult" com o passar dos anos, assim como o "Raw Power" dos Stooges. As melodias doces e os arranjos simples,  mas objetivos colocam o Big Star no hall da fama das grandes bandas de todos os tempos. Ouça e comprove!

                                                       NOTA FINAL : 9.5/10 (um disco com September Gurls não pode ter nota inferior a isso :>)).





Ouça o disco completo no Spoyify! :)






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